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Nem sempre v10l3nc14 deixa marcas físicas • precisamos ter olhos atentos

  • Foto do escritor: Juliana Rossin
    Juliana Rossin
  • 6 de abr. de 2024
  • 3 min de leitura

"Amor e abuso não podem coexistir. Abuso e negligência são, por definição, opostos a cuidado." (bell hooks)


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Você já notou que relacionamentos abusivos, na maior parte das vezes, têm seu início marcado, quase que por um conto de fadas? Aquela relação perfeita e tão idealizada por muitas mulheres?


Sabe quando você conhece um cara e de repente, se vê completamente apaixonada, seduzida, encantada, diante de tantos gestos, falas e da maneira que é tratada? De uma maneira que transborda atenção, cuidado, carinho, necessidade de estar junto... são palavras lindas, elogios e "chuvas de promessas". Juras de amor e falas sobre nunca ter encontrado alguém como você antes, te fazem questionar: "ué, como pode não haver nada de errado com essa pessoa?". Mas o que você vive é tão bom, foi tão desejado e nunca antes experimentado, que você não quer se quer correr o risco de estragar ou deixar de viver aquele sonho, então deixa de colocar "essas coisas" na sua cabeça...


E aí, quando se dá conta, já não consegue imaginar como viveu tanto tempo longe de uma pessoa tão incrível e como poderia ser uma vida, na qual aquele homem não existisse... nossa, como é bom tê-lo por perto.


O problema, é que os relacionamentos não são como contos de fadas, que só reproduzem "e viveram felizes para sempre", sem nos mostrar o que vem depois. Relações são feitas de pessoas, que são diferentes, são humanas, comentem erros, acertos e dentro dos desacordos, podem encontrar maneiras de coexistir, buscando uma relação saudável.


Na relação abusiva não. Nesse tipo de relacionamento, aos poucos, você começa a se dar conta de que as coisas estão mudando... a atenção já não é mais a mesma, o cuidado já não existe tanto, as cobranças começam a surgir, um jeito meio diferente e grosseiro que não era demonstrado antes, o controle passa a ser frequente.


E aí, de repente, a maior cilada nesse tipo de relação acontece: você passa a se questionar sobre o que você pode ter feito de errado, para que as coisas tenham tomado esse rumo, você se culpa.


ciclo de violência na relação abusiva, divido em 3 fases

Existe um ciclo para que as coisas funcionem dessa maneira: primeiro você é fisgada, se vê emocionalmente e psicologicamente dependente e depois, a violência e as agressões começam. Nesse momento, você vai ficando cada vez mais fragilizada, se culpa cada dia mais; é muito comum ter vergonha do que vive, não conseguir falar sobre o que está passando e isso tudo só vai, cada vez mais, minando sua autoestima e te deixando ainda mais vulnerável, dentro e fora desse relacionamento.


Outras vezes, você tende a não querer enxergar, negar pode parecer menos difícil ou doloroso... aí tende a crer que é uma fase, que ele vai mudar, vai melhorar, que as coisas vão se ajeitar e que aquilo é momentâneo. Você então, se perde: deixa de se ouvir, de escutar o que sente, o que seu corpo fala, passa a não se reconhecer muitas vezes... não frequentar os mesmos lugares, nem ter as mesmas companhias ou fazer aquilo que antes, lhe trazia felicidade e prazer.


Eu sinto muito, sinto tanto, por inúmeras mulheres que passam por esse tipo de agressão, todos os dias. Ainda que não seja, visível a olho nu, isso é violência... e machuca tanto quanto (ou mais) que a agressão física. Mas também, me sinto na obrigação de te dizer que existe saída: é possível, há maneiras de se fortalecer, de se abraçar, ser acolhida e cuidada pelas redes de apoio e saúde.


A psicoterapia é uma das maneiras mais fundamentais desse processo de resgate acontecer, porque é dentro do atendimento psicológico que a mulher passa a entender toda dinâmica, todo funcionamento da relação. É nesse espaço sigiloso e livre de julgamentos, que você pode descobrir como se sente, compreender com mais profundidade as raízes de toda sua trajetória, através de uma escuta assertiva, para aos poucos, se fortalecer, se tornar mais segura, reconhecer sua potência e ter de volta, sua autonomia, liberdade e reencontro do com sua independência, em inúmeros sentidos.


Vamos nos conhecer e conversar?




 
 
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